segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Maçã.

As pessoas são peculiares. E eu me incluo nisso. A peculiaridade que eu falo dessa vez é a de seguir uma moda, tendência, conceito, etc, etc etc.

Tudo bem, de uma forma simplória e tacanha, estou falando basicamente de uma das engrenagens que faz o mundo girar. A publicidade. Que consiste em nos convencer a optar pela marca L ao invés da marca G. Porque iremos comprar de qualquer maneira. Mas existem inúmeras opções. Faixas de preço variadas. Cores, texturas, aromas, aparências, embalagens... E muitas dessas coisas realizam exatamente a mesma função. E mesmo assim, algumas se sobressaem muito, e mesmo custando mais, bem mais, são eleitas por nós, as pessoas, como as must have do momento. Must have é tem que ter, para quem não manja de expressões americanizadas.

Este preâmbulo teve a intenção de explicar o porquê do que vem a seguir. E o que vem a seguir é a minha incompreensão a respeito da apple, do ipod e do itunes. Tudo bem, o ipod revolucionou algumas coisas. O modelo físico do player é bem legal. Clean, branco e com aquele negocinho que gira e faz barulhinho. A qualidade do fone também é excepcional. Nunca tive fones que duraram tanto tempo sem quebrar o cabo e um dos lados ficar mudo. E sim, o conjunto do fone todo branco foi uma tirada sensacional. Algo simples, que estava ali na cara de qualquer um, mas só o Steve botou em campo. Aliás, inicialmente foi isso que fez explodir a venda de ipods. Apenas eles tinham o fone branco, e primeiramente as pessoas "descoladas" adquiriram os ipods. E era facilmente identificável o ipod por causa disso, mesmo que ele não aparecesse. E o resto do mundo quer ser legal. Então foi e comprou os ipods. Se os legais tinham, eu podia ter e parecer legal também. E assim nasceu o bonequinho todo em preto com os fonezinhos brancos, que virou o símbolo do ipod. E a apple encheu o bolso de dinheiros.

Uma história bonita, feliz e legal. Eles fortaleceram uma marca, criaram um produto que certamente vai ser lembrado por muitos e muitos anos como uma das mais importantes invenções da história (é verdade isso, não sou eu que está falando. quer dizer, sou, mas estou repetindo outras gentes que entendem disso que eu especulo.). Mesmo sem ser uma invenção! Pegaram algo existente e reformularam. Reiventaram, alguns diriam.

Mas... PORQUE FAZER UM SISTEMA ESTÚPIDO E SEM SENTIDO COMO O ITUNES? Sem sentido lógico, porque eu sei que o sentido é diferenciar do windows. Mas aí é todo o sistema de software de música da apple. Que merda! Ele muda o nome de todos os arquivos para uma coisa com quatro letras. E se o ID tag não está corretamente digitado, ele não reconhece pelo nome do arquivo, como qualquer outro mp3 player. Existe algo mais idiota? Não, não existe. E se tu quiser colocar músicas no ipod de outro computador, terá que formatá-lo, pois um ipod só pode ser sincronizado com um computador. E se tiver que formatar o computador? Fora que nos ipods não dá pra renomear músicas. Só pelo computador. Pelo menos até onde eu sabia, pode ter mudado nesses ipods mais recentes.

Tudo isso pra dizer que eu tenho 40 giga de músicas que só funcionam em um ipod, que nem meu é. E que se der algum problema, perco tudo. Sim, eu passei para o meu computador. MAS TODOS OS ARQUIVOS TEM 4 LETRAS COMO NOME. Sim, no itunes 40% das músicas tem o nome certo. Pelo id tag. Mas e o resto? E se eu quiser gravar um cd? Passar para uma pen drive? Passar para outro tocador de mp3? Vou ter que adivinhar o nome da música. Ou ouvir uma por uma para renomear. 40 gigas de música? Levaria mais de um ano, dedicando umas 2 horas diárias para esse trabalho estúpido.

Não, eu nunca tinha arrumado os nomes das músicas no itunes porque eu nunca usava o itunes. Justamente por ele ser débil desse jeito. Eu usava o winamp, que reconhece id tag e nome do arquivo. E eu adiciono manualmente na lista que eu queira ouvir, deixando as músicas organizadinhas em pastas do windows. E não uma lista inteira de 40 gigas de música, com incontáveis unknow artist.

E toda essa história me deprime. Me deprime porque tenho uma taxa máxima de 30 gigas mensais de dowload. O que na prática me deixa com 10 gigas para baixar músicas, vídeos, programas e o que quer que seja. Sendo que metade das coisas que se baixa atualmente é errada ou defeituosa. Me deprime porque era a quarta vez que eu refazia a minha coleção musical, e toda vez é um trabalho árduo, de paciência e amor à música (de verdade mesmo). E agora eu tô cansado. Vou acabar me levantando de novo, mas isso cansa.

Em tempo. A Lilly Allen é uma imbecil completa. Infelizmente ela é maioria. Eu quase postei sem xingar os seres humanos... Ainda vou conseguir. Mas vocês não capricham! Porque gostar de ipod só porque gente "legal" gostava? Gente, "legal" é ser quem se quer ser, e não dar bola pro resto do mundo. Que merda vocês. Garanto que se existisse um papel higiênico da apple, e as pessoas "legais" começassem a usar, saindo do banheiro com pedaços dele grudados no sapato, vocês também usariam. Mesmo que fosse feito de areia e pó de vidro. Mas voltando à Lilly Allen, ela é uma retardada, arrogante e mimada que vive numa bolha. Ela é contra a distribuição gratuita de músicas. Ela que vá tomar no cu dela. E que morra drogada com aquelas musiquinhas rasteiras e descartáveis que nos enjoam em 5 escutadas. Esse é o típico pensamento de quem não entende o mundo e não faz nenhum esforço pra isso. Menina burra, menos de 10% da população mundial teria dinheiro pra pagar o preço que pedem pelas músicas. E muitos desses incluídos nos 10% não sabem e não querem nem saber quem é Lilly Allen. Sim, é um trabalho, ela tem um talento e isso precisa ser revertido em dinheiro. Mas se não fosse a propagação das músicas, ela não viria aqui fazer show com casa lotada. Não seria reconhecida e bajulada por onde fosse. Sim, tem que pagar. Mas não, não tem que pagar 50 reais por 12 músicas que não fecham nem meia hora. Sendo que a grande maioria das pessoas acaba escutando 2 ou 3 músicas, as que tocam no rádio. As pessoas recebem aquele email da distribuição de renda mundial e ficam chocadas por 2 segundos. E pensam: "americanos safados". Mas quem lê email tem casa, comida e roupa lavada. E não sofre. E teve pelo menos alguma possibilidade de garantir um futuro digno. Mas é como eu digo. As pessoas não querem saber que mais da metade da população mundial mal se alimenta. Tomar banho, trocar de roupa, xampu, condicionador, desodorante? Mais da metade do mundo não sabe o que é isso. Mas como existem 2 mundos separados, o da fantasia, que é o nosso, e o da miséria, a gente nem fica sabendo das coisas. Ou mal fica sabendo. Porque isso não vende jornal. Não dá ibope. O que dá ibope é um monte de canastrão fingir na novela. Como não é comigo, nem com parente próximo, não tem problema. Mas o pior é saber que se fosse o contrário, se os pobres fossem ricos, e os ricos fossem pobres, ia ser a mesma coisa. Porque infelizmente a verdade é que o ser humano é que nem o ipod e o itunes. Um saco de cocô.

E dizer que a distribuição gratuita das músicas vai acabar com as empresas musicais é no mínimo me chamar de acéfalo. Ela disse que recém conseguiu pagar o que ela devia para a empresa. Porra, como assim? Ela é na verdade tão ruim que tiveram que gastar tanto pra tornar a música dela aceitável ou ela é tão burra que passaram a perna nela numa magnitude monstra! Quando Mozart, Beethoven, Chuck Berry, Jerry Lewis, e trocentos outros surgiram, não era como é hoje. E eles são reconhecidos como talentos imortalizados. O Nirvana e várias outras bandas começaram tocando em garagens, em botecos, fizeram um público cativo e depois foram gravar em estúdio. Sim, a música melhora em qualidade. Melhora muito. Mas quem tem talento tem antes disso. Se é necessária tanta maquiagem sonora, é que nem a propaganda do guri vendado da sadia: "tá querendo me enganar, é?" O talento existe, sempre existiu e sempre vai existir. As grandes indústrias fonográficas são só mais uma coisa que o ser humano criou pra uns passarem a perna nos outros e serem considerados bem sucedidos, fazendo outros milhares sofrer e passar fome. A quantidade de profissões desnecessárias é impressionante. A inapetência e a estupidez humana só aumentam.

Vou terminar com esse insight que eu tive, que pra mim é um dos meus melhores. Se trocassem os pobres pelos ricos, eles fariam tudo exatamente igual. Porque o ser humano não funcionou. Pode mandar o meteoro porque aqui já era.