sexta-feira, 7 de março de 2008

feeling the blues.

uma frase de uma música que eu amo é a seguinte:

"what's the matter babe, are you feeling blue?"

é da banda Weezer, e a música é Buddy Holly. um baita musicão, by the way. By The Way do Red Hot também é outra baita música. mas não vem ao caso.

sempre gostei da expressão 'feeling blue'. sentindo azul. blues. estava eu a assistir um episódio dos Simpsons. na real, eu peguei bem pro final. e eu não lembrava desse. sim, existem vários que eu não vi, desses atuais principalmente. mas dos antigos é bem difícil. e esse era da primeira temporada. já devo ter visto, claro, mas há muito muito tempo. e versava na Lisa estar se sentindo triste por alguns fatores que eu não identifiquei muito bem, mas alguns eu identifiquei. ela tentou improvisar na aula de música, com o seu saxofone, e foi podada pelo professor. em casa ela não recebia o estímulo e a atenção necessárias. que ela julgava necessário. e a história paralela era o Homer não conseguindo ganhar do Bart num videogame. um cartucho de boxe. divertida a história essa. mas voltemos para a Lisa. e ela tinha feito uma música, um blues, que foi interpretada no final pelo Marvin Gengivas Sangrentas, que era o bluesman dos Simpsons.

e ele definiu o que é o blues. é uma música feita por quem está triste para deixar as pessoas mais tristes. o que é uma definição perfeita. blues não se interessa em falar de coisas legais. alegres. é tristeza mesmo. mas é tristeza significativa. é tristeza com conteúdo. não é emo que acaba só falando de decepções amorosas de pessoas com idade mental de aproximadamente doze anos. e aqui está falando quem gosta bastante de emo. não é que nem pagode que é só dor de corno e abandono total e irrestrito, e total submissão a quem te abandonou. porra, se dêem o valor, pessoal. e aqui de novo, está falando quem gosta substancialmente de pagode.

blues é emoção. é coração. é sofrimento. é de verdade. tu consegue sentir a dor na melodia e nas letras. e realmente, quem tem alguma facilidade de sentir sensações (nossa... que redundismo...) trazidas por músicas, consegue incorporar a dor do blues.

música feita de tristeza para entristecer mais ainda as pessoas. eu infelizmente nunca tive muito contato com instrumentos musicais. tive um piano elétrico a pilha de relógio quando eu tinha dez anos. depois tive um ano de aula de música, no colégio. aprendi a tocar flauta doce. acho que esse foi o ponto alto da minha carreira musical. eu gostava, bastante. eu adorava tocar o tema de romeu e julieta. nossa, eu já era romântico e sofria com treze, quatorze anos! não era por nada nem ninguém, mas sofria com a música. que vamos e convenhamos, é linda. Tchaikovsky. do tempo que ganhar um grammy não triplicava a venda do cedê.

mas o caso é que eu nunca soube se conseguiria expressar a minha dor pela música. algumas vezes eu começo a imaginar sequências de melodias na minha cabeça, e confesso, algumas bem legais. mas eu não sei lhufas de notas musicais e acordes, então ficarão pra sempre na minha cachola. eu acho que talvez, ênfase no talvez, se eu soubesse alguma coisa de música, conseguiria expressar-me bem por ela. porque é visto que eu tenho uma ebulição enorme de sensações, sentimentos, pensamentos, racionalizações e irracionalidades que fervem dentro de mim. e eu preciso colocar pra fora. e a única forma de fazer isso é escrevendo. como eu estou fazendo agora. mas nem sempre eu fico satisfeito. nem sempre eu sinto que saiu tudo. nem sempre eu me sinto aliviado. o que teria duas linhas teóricas. uma diria que é porque eu não consegui expressar tudo. faltou capacidade de verbalização na minha escrita. faltou capacidade literária. e eu concordo com ela. a outra linha diria que só colocar para fora não vai resolver ou me aliviar por completo. visualizar e entender o que se passa dentro de si mesmo é apenas um passo. o resto é trabalhar, identificar e resolver o que foi expressado. e eu também concordo com isso.

não vou me comparar a pessoas que conseguiam expressar suas emoções e sentimentos pela arte, e eram pessoas notadamente deprimidas e que sofriam demais. porque elas tinham talento, e muito. mas eu consigo entender de uma forma rudimentar e básica (bem rudimentar, mas bem...) o que se passava com elas. como por exemplo, Kurt Cobain. as atitudes. as músicas. o vício. a auto-destruição. um exemplo mais recente, a Amy Winehouse. peguem algumas das músicas dela. o título do novo ele pê. back to black. se ela não é o AC/DC, não dá! porra, é óbvio que ela tá numa fase completamente down. se jogou nas drogas, no álcool... as letras das músicas. chega a doer na alma. e as pessoas tem formas diferentes de enfrentar as coisas. uns se drogam, para fugir da realidade. outros bebem (que dá na mesma). outros adotam comportamentos destrutivos. outros perdem a vontade de viver. na realidade, todos perdem essa vontade. e por sofrer demais com isso, adotam medidas que os ajudem a passar o tempo de uma forma menos sofrida, adotando comportamentos suicidas (seja com sexo de todos os tipos, formas, tamanhos, gêneros, filos, classes... seja com uso de drogas das mais variadas, de maconha até a audição de NX Zero ou Charlie Brown Jr...).

e isso não os desmerece como seres humanos. todos temos fraquezas, qualidades, defeitos. alguns em alguns pontos. outros, em outros. ninguém está na condição de julgar ninguém, apesar de todo mundo fazer isso o tempo inteiro com todo mundo. todos já julgaram alguém por alguma atitude ou comportamento e depois se arrependeram de ter feito isso porque ou vivenciaram algo idêntico e agiram da mesma forma que foi criticada ou tiveram alguém muito próximo fazendo a mesma coisa. mas somos humanos, e somos falhos. alguns aprendem e conseguem não julgar tanto, mas a maioria não consegue. é a tal da maldita falta de empatia que eu tanto falo.

dessa vez eu não me proponho a entender coisa alguma, ou tentar dar uma solução. eu não quero nada. eu só quero conseguir de alguma forma incerta, não sabida e que não seja demaaaaaaaaaaais de sofrida, me inserir na sociedade vigente, e deixar de ser um pária.

o tempo está passando. a sensação de desperdício de potencial já perdeu o sentido. as coisas todas perderam o sentido.

feeling the blues. eu prefiro beber. pena que demora muito pra cobrar. o crack resolveria bem mais rápido. e crack bom era o Bituca, do ararigbóia de 1974. jogava melhor que o Rivelino. pena que era um rebelde. ele expressava no futEbol. eu vou expressar dormindo. que é o que eu faço melhor.

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