sábado, 14 de junho de 2008

E agora eu vou falar sobre traição.

Ultimamente eu venho tendo várias epifânias sobre o assunto. Que sempre me instigou bastante. Inclusive eu acho que já escrevi sobre isso algumas poucas vezes, mas não como tema de uma reflexão ponderada e embasada (e isso que eu sou modesto). Antes de mais nada, vou estabelecer uma coisa. Algumas pessoas acabam me criticando por não ter vivenciado uma experiência de namoro ou casamento. E nesse caso, de traição. Nem de estar namorando e trair nem de ficar com alguém que é comprometida. E que por isso, a minha opinião poderia ser falha. Mas senão, vejamos. O Noronha comenta futebol, e ele nunca praticou futebol. Inclusive o futebol não havia sido inventado em 1700, quando ele era um jovem. Mas oquei. O Noronha é folclórico. Só que vocês entenderam o sentido. Não necessariamente precisamos vivenciar uma coisa para entendê-la e falar sobre. Inclusive nessas questões, quando as vivenciamos, acaba turvando a nossa visão, já que sentimentos atrapalham a nossa razão e o nosso julgamento sobre os acontecimentos. E como sabido, eu estudo psicologia. E desde que eu me conheço por gente, eu me interesso pela observação humana sob todas as esferas. Dito isto, segue-se.

As pessoas traem. Traem bastante. Não sei exatamente em que recorrência, mas acabam traindo. Eu não digo que todo mundo trai. Porque estaria generalizando e isso nunca dá certo, pois sempre tudo acontece. Até pessoas que não traem nunca. Se tratando de seres humanos, tudo, absolutamente tudo é possível. Mas o fato é que isso acontece. Horrendores.

Eu afirmo por experiência própria isso. Os mesmos que me criticam perguntam gritando agora: "que experiência própria, seu idiota?" Calma. Não precisa me agredir. Experiência de me contarem histórias. Inúmeros, e eu disse INÚMEROS casais me contaram casos. Pessoas que já namoraram e até já foram casadas também me contaram. Claro, muita gente fala que trair é muito forte, "pois eu já tava por terminar, foi a comprovação..." Peraí, então não foi traição? Tu estavas oficialmente namorando, ainda não tinha conversado abertamente e verdadeiramente sobre o final da relação, a outra pessoa ainda achava que estava namorando contigo e tu não consideras que foi traição? Bom, pra mim isso é traição. Aceito opiniões contrárias, mas como sou eu quem está escrevendo e depende unicamente da minha idéia sobre isso, eu afirmo que é traição. Por que não acabar antes? E aquele clássico exercício de imaginação: e se fosse ao contrário, como te sentirias amiguinho e amiguinha? Então definimos que independente do momento, da situação, das forças da natureza, das conjunções astrais e todas as abobrinhas que as pessoas falam, se não foi combinado entre as duas partes que o relacionamento acabou, é traição. Óbvio, excetuam-se os casos das pessoas transtornadas que mesmo com o outro dizendo na sua face que não quer mais e que para ele acabou, consideram que continua. Aí é patologia e eu não carimbo como traição.

Também não considero traição em pensamento. Pensar que queria dar uns pegas em tal pessoa. Porque pensamentos são livres. E desses ninguém está salvo. Mas ninguém mesmo. Nessa eu generalizo e não tenho medo de errar.

Considero traição com prostitutas e prostitutos. Vamos se respeitar, né. É óbvio que é. E mulher com mulher eu também considero, mesmo que muitos dos homens e inclusive amigos meus acharem que não é. Esse é um machismo estúpido que a sociedade (sempre ela) ainda mantém.

Acho que defini o que é traição para mim, então seguiremos.

Muitas pessoas são radicais e afirmam que se acontecesse com elas, nunca perdoariam. Também falam que é falta de caráter, ou um caráter ruim. Julgam sem perdão. Isso é pra tudo, pessoal. Não falo só nesse caso. E vocês que já me conhecem sabem o que eu vou falar. Não julguem ninguém sem vivenciar uma situação parecida. Ou quase igual. E mesmo que vivencie uma situação idêntica, não cabe julgar. Cada um sabe da sua vida. Sabe das suas fraquezas, das suas potencialidades, de onde o sapato aperta. Isso depende de uma série inenarrável de fatores. Desde o nosso nascimento, as impressões que a vida nos marcou, nossa relação com pais e irmãos, e mais um milhão de coisas variáveis e incomensuráveis.

Qualquer julgamento é falho, porque não sabemos o que está acontecendo realmente dentro da mente da pessoa. E afinal de contas, somos seres humanos, e somos falhos. Todos nós. Cometemos erros e fazemos coisas que consideraríamos erradas se fizessem com a gente. Mas por isso tem que crucificar as criaturas cada vez que há um erro? E não digo só nesse caso de traição. Se fosse assim, faltaria gente pra pregar os pregos.

O caso é que acontece. E que ninguém está livre disso. E possivelmente todo mundo vai acabar vivendo uma situação limite para trair ou acabará traindo mesmo. E o mundo vai seguir sendo mundo. Ninguém vai morrer. E as coisas continuarão iguais. E vai acontecer sempre, assim como sempre aconteceu. E quem muito julga, dá margem para desconfianças.

Por fim, há os casos de traidores compulsivos. Das pessoas que simplesmente não conseguem ser fiéis. Mas isso é considerada uma patologia pela ciência "moderna". Perversão. Eu acho que podemos até tentar catalogar, mas não vai ser correto nem certo. Tem como curar 'perversão'? Talvez a pessoa melhore dos sintomas. Mas vontade sempre vai existir. O problema é que a sociedade prega oficialmente a monogamia. Mas pratica outra coisa. Se a pessoa sofre muito com o seu comportamento, aí sim, considero que deva ser ajudada. Mas se isso fizer sentido para ela (sempre ele, o sentido). E não para mostrar para os outros. Ou até por isso, se for tão importante. Mas sabemos que com a convivência próxima, com as afinidades, com a quantidade de pessoas que entram e saem da nossa vida, é praticamente impossível matematicamente falando que não acabemos nos atraindo por várias pessoas durante o decorrer da nossa existência. E que possamos acabar tendo um envolvimento maior com algumas dessas pessoas, pois o bom da vida é a diversidade. Isso oxigena o nosso cérebro, os nossos sentidos e a nossa razão de viver. Mas as regras estão ai, e foram estabelecidas desde antes. Se não concorda, não entra. Ou combina outras regras antes de começar. Sim, eu sei. Ninguém consegue. Mesmo porque ninguém planeja que vai acabar traindo. Mas que seria legal, seria, né? Um dia eu quero encontrar um ser humano evoluído assim. Não vou encontrar, possivelmente. Mas gostaria.

Talvez por isso, por não concordar com as regras e não concordar com a mentira nesse campo, eu nunca tenha tido nada. Talvez. Talvez. Nunca saberemos. Eu posso saber. Mas vocês, não.




Ps: Na minha cabeça tava melhor. Demorei pra vir escrever e acho que perdi algumas idéias boas. Não me sinto orgulhoso desse texto. Mas enfim, dá pra ler e pensar um pouco. Eu acho. Tanto faz. Não gostou, veste a roupa e vai embora.

Um comentário:

Anônimo disse...

A única traiçao imperdoavel é aquela que descobrimos.

se for fazer, faz direito.

:* legal seu blog

gabi