segunda-feira, 3 de setembro de 2007

continuação da postagem abaixo dessa debaixo. entenderam? é fácil.



...fiquei observando o pessoal chegar na festa. e o pessoal chegava. todo mundo muito louco, muito solto, solteiro do rio de janeiro, sou eterno nessa brasíla. fantasias supimpas. outras nem tanto. e foi começando a pairar a sensação que em breve, iria se apoderar do meu ser: sensação de o-que-diabos-eu-estou-fazendo-aqui. a festa foi começando a encher, eu ainda fui buscar um último copinho de mé com guaraná ruim (até o guaraná era marca-diabo. acho que nem faz tanta diferença financeira, é mais pelo prazer de oferecer tudo do ruim e do pior), e fui pro clima. muito simpático, como me é de costume, fui angariando amizades pelo salão. mas me faltava um sentido. e eu comecei a lutar comigo mesmo, porque essas coisas não precisam de sentido. como eu gosto de dizer, tem coisas que apenas são. mas vai dizer isso pra minha mente. ainda mais com cerveja, goró e martini. comecei a questionar a vida. sócrates. platão. nada é igual. tudo muda. nós não somos os mesmos e o rio também não é o mesmo. mas aquela festa era a mesma. de sempre. e por algum motivo ainda obscuro, eu não estava gostando. neguei. me debati. mas não teve jeito. me entreguei. dali pra má vontade foi um tapa. aí encrespou mais que o cabelo da Elba Ramalho em dia umido. que coisa né? como alguém pode ser tão crespo? comecei a me irritar, comecei a trombar nas pessoas, desisti de fingir que dançava, desisti de beber... sabe quando o jogador força a perna no chão, faz uma careta, olha pro banco e faz o clássico sinal com as mãos girando os dedos? pois é. pode botar outro no meu lugar que a minha contribuição para o time tinha se esgotado. ainda me incomodei pelo mesmo fato de sempre, o empurra-empurra. dei mais uma volta, desesperada, tentando achar motivação da sola do sapato. tipo quando tem que ganhar, tá perdendo aos 38 do segundo tempo e bota todo mundo pra cima. é balão pra área e seja o que deus quiser. ainda teve um lampejo de alegria, quando eu vi um boneco, gordo, fantasiado de Robin. ele achincalhou o garoto prodígio. de garoto prodígio ele passou a garoto-rodízio. e recordei do desenho que havia visto semana passada, no canal da ulbra, sábado de manhã. liga da justiça! vocês tem que ver! é sensacional! e teve uma passagem do desenho em que o Aquaman, transformado em um monstro, estava atacando a cidade. o Robin me sai com a seguinte pérola: santa alta voltagem Batman! Aquaman está indo direto para a hidrelétrica! nossa. eu ria sozinho olhando a patética figura roliça de Robin. e ainda me lembrei de uma das piadas mais célebres contada pelo saudoso Papaéu: por que o Batman colocou alarme no Batmóvel? porque ele tem medo que Robin! é o auge da infâmia. mas não dá né. não dá pra depender disso numa festa a fantasia. e eu fui me desmilinguindo. derretendo. o sentido? tava fantasiado de palhaço carequinha abraçado numa de fada e pulando no meio do salão.
encontrei meu pessoal, e todo mundo meio com cara de abatido também. e o grande Wagner me olha e faz o meu cláaaaaaaaaaaaaaaaaaassico sinal do juiz encerrando a partida. terminava assim, de forma lacônica, melancólica, patética, mais uma festa.

saímos e ainda tivemos a perspicácia de ir ao famigerado Mc Donald's. malditos três mc duplos que eu sempre como. só pra me engordar. mas foi o melhor da noite. cheguei em casa e o msn me prepararia uma agradabilíssima surpresa, que obviamente eu não contarei porque faz parte do meu íntimo.

dormi apenas três horas, porque tive que levar minha mãe em uma peregrinação pelas ruas do porto dos casais. não dormi no resto do dia, e fui para a colação do meu amigo. nossa, eu detesto colações. é uma coisa bem chata. as pessoas falam demais, demora demais, tem homenagem disso, troféu daquilo... já estou avisando com antecedência, quando for a minha formatura, eu vou liberar todos dessa parte asquerosa. podem ir só na recepção encher a cara. isso se eu me formar. um dia, quem sabe...

excetuando a chegada de Renato Marsiglia, obviamente no final da colação, fazendo o overlaping, não houve muita diversão. apenas um pobre garoto que tocava piano e liderou a homenagem aos pais. ele tocava piano muito bem! mas ele inventou de cantar. bom, eu canto mal e sei disso, e não canto em público e nunca cantarei, mas esse rapazote bateu todos os níveis de ruindade. Frank Sinatra teria emitido um comunicado a imprensa se fosse vivo. comunicando que se arrepende de ter criado a música que foi vilipendiada.

jantamos. e eu não comi muito. porque eu queria ir na festa. não era a festa de formatura, porque o meu amigo não era muito bem quisto entre os semelhantes. e ele fazia questão de ser mal quisto. e eu não o culpo. então a suposta festa dele seria em um local muito conhecido de Porto Alegre. uma festa anos oitenta, que saiu do underground e virou modinha. ainda vai virar mais modinha ainda, e então, acabar, como tudo nessa cidade. o pessoal é muito pouco original. e eu nunca tinha ido. mas me vendiam maravilhas da festa. e eu sem a mínima vontade. mas por motivos pessoais, eu acabei indo.

na largada já começa mal. estávamos esperando para dois amigos comprar ingresso, que supostamente teriam acabado, e sai uma moçoila por uma porta. completamente trôpega. num estado irrecuperável. tinha tomado todo o álcool do mundo. fifa. ela saiu, tropeçou, quase caiu e veio pra cima de mim. bateu em mim e quase caiu, segurei ela e pedi falta! mas o juiz não apitou. ela me olhou, mexeu com os lábios, fez um imenso esforço para falar alguma coisa, mas não conseguiu. desistiu. eu vi nos olhos dela a vontade de falar, mas não deu. ela seguiu, tropeçando em tudo que podia até chegar no táxi na esquina. e eu com medo de entrar no lugar. quando a gente enfim estava entrando, um boneco lá de dentro gritou: parem de vender ingresso e deixar mais gente entrar! não tem espaço porra!
e não é que o bebum estava certo? não tinha espaço. nenhum. olha, se aquilo não era o inferno, era uma sucursal. muita gente. muita. todos os tipos de gente. todas as classes de gente. todas as espécies de gente. todos os filos de gente. todos os reinos de gente. a faixa etária compreende algo entre 20 e 61 anos. mas não compreendia as boas marcas de desodorante. sim, eu sei, estava um calor senegalês, mas bons desodorantes seguram a onda. muita gente completamente bêbada. e pessoas muito bêbadas não são agradáveis. há um limiar. mas a razão não tinha lugar lá dentro. cada barbaridade cometida. nossa. e era impressionante, eu nunca tinha visto tanto gordo junto na noite. suponho que era a noite da promoção, dois gordos pagam apenas três entradas. e eu estava de camisa social, calça razoável e sapato. ou seja, eu não estava bem ajustado. ficamos ali, no meio do furacão. tentei beber, porque afinal de contas, vamos dar uma chance. mas a cerveja entrou em contato com a comida e dobraram de tamanho no meu estômago. eu não ia conseguir beber, não estava me sentindo bem e de novo, o empurra-empurra. mas não vou só criticar. acho bem saudável isso de uma festa ser eclética. liberdade de expressão e individualidade. reconheço esse ponto. e também o pessoal lá não está pra brincadeira. é o velho oeste. não tem pra onde correr. a bala passa zunindo. e eu arrumadinho, perfumado, pelo menos nisso eu me senti bem. mas absolutamente nenhuma vontade. quase briguei com um pequeno ser humano que teimava em me empurrar. depois ele mandou o amigo gordo dele ficar me empurrando. e se não me engano esse amigo gordo dele é um lamentável "jornalista" local que escreve coisas fraquíssimas em um periódico da nossa província. me arrependi de não ter espancado o pequeno ser humano e seu amigo gordo. poderia ter saído uma nota sobre isso no tablóide. ainda encontrei uma amiga das minhas irmãs. irmãs mais velhas. bem mais velhas. e olha que eu sou antigo. ela me conhece desde meus 6 anos. mas enfim, de novo, abandonei. resolvi subir e me escorar num parapeito e ficar observando o movimento lá embaixo. era só fazer hora até meus amigos resolverem ir embora. pena que eles sempre querem fechar os lugares. fiquei lá, observando e escutando a música. eu gosto de músicas dos anos oitenta, mas nossa. chega uma hora que não dá mais.

milagrosamente essa noite não terminou tão mal. lá mesmo, melhorou substancialmente. mas nenhuma relação com o lugar. ou com as pessoas de lá. é mais complexo. e eu não vou explicar. porque de novo, faz parte do meu íntimo. mas fez valer o resto.

minhas conclusões são:
ainda não estou preparado para a vida lá fora.
não gosto de sair.
meu dinheiro pode ser empregado em coisas melhores. gastei bastante para duas festas péssimas.
não perco mais nenhuma liga da justiça, sábados de manhã no canal da ulbra, entre onze horas e meio dia.
nunca vou ser gordo.

ir em um lugar atrolhado de gente. gente fedida. mal-educada. não. isso para mim não é diversão. eu ia terminar dizendo o que era diversão para mim. mas não pensei em nada. também agora há pouco eu ia mudar meu perfil no orkut e colocar algo nas minhas paixões, e nada veio. pois é. complicado. não sei o que é diversão e não tenho nenhuma paixão. duas coisas para trabalhar. porque senão, breathing just passes the time. Until we all just get old and die. Talking's just a waste of breath. And living's just a waste of death.

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