sábado, 21 de julho de 2007

agora eu vou falar de amor.

relutei até então. mas vou me pronunciar sobre esse assunto temido e repelido. o amor. até hoje eu falei eu te amo apenas uma vez. foi para minha cachorrinha, a preta. eu falei que a amava. ela me olhou, lambeu a patinha, cheirou o pé de uma cadeira e saiu da sala. meus pais nunca falaram que me amavam. nem minhas irmãs. e olha que coisa, sou o filho mais novo de três, duas meninas e eu. minha mãe sempre foi cuidadosa, carinhosa, excessivamente zelosa inclusive, mas mesmo assim nunca disse que me amava. e recordando bem, nunca ouvi meus pais se falarem isso enquanto eram casados. na realidade eles nunca se amaram, hoje eu sei disso, mas não sentir não é impeditivo para proferir tais palavras. na realidade eu estou contando uma meia-verdade. u uma mentira, porque não existem meias-verdades, existem mentiras. mas enfim. eu já disse que amava alguns amigos e amigas. na forma de amizade. na forma copular da coisa, nunca. eu já tive algumas raras paixões bem fortes, arrebatadoras, mas que não evoluíram para amor. porque eu acho que é bem isso, amor é uma coisa que surge. ele evolui e aparece. amor à primeira vista não existe, existe teso à primeira vista, teso do msn à primeira teclada. e outro dia eu estava falando sobre relacionamentos. em como está cada vez mais difícil os relacionamentos evoluírem. as pessoas saírem detrás dos muros, deixarem as defesas de lado e tentarem algo. a tenteada é livre. mas as pegadas dominam. e em relação a pegadas, todo mundo está pegando e está com pegadas engatilhadas, pegadas ressuscitando, pegadas em potencial, e pegadas paralelas variadas. e matematicamente falando, quanto mais se pega, maior a chance de encontrar uma pessoa com potencial para relacionamento. que como eu disse na postagem sobre relacionamento, essa pegada tem que ter alguns atributos afins - afinidades, objetivos e química. e encontrar alguém com esses três, anda praticamente impossível. se tu tem os teus critérios estabelecidos e não flexíveis tipo Daiane dos Santos. mas de vez em quando, surgem pessoas assim no nosso caminho. e nós no caminho delas, porque isso é uma coisa mútua pessoal! não adianta apenas uma pessoa achar isso! se somente uma pessoa acha isso, ela está errada! é fato. "mas a gente tinha tanta coisa em comum! nos dávamos tão bem juntos! adorávamos o tempo juntos!" e não deu certo? então repete essas coisas no singular. mas ainda assim, em poucas vezes, duas pessoas sentem as mesmas coisas em intensidades parecidas. e tem o caso de sentir as mesmas coisas em intensidades absurdas. e é esse o ponto. essas coisas acontecem poucas vezes na vida. aliás, tem gente que passa pela terra e nunca sente isso. e tem muita gente que passa pela terra e não sente isso. porque isso não se força. não se procura. não se acha. não é um objetivo de vida. isso apenas, acontece. podemos tentar buscar razões do porque certas pessoas acham mais que outras. mas são muitas razões. uma pode ser que algumas dessas pessoas que acham, supervalorizem algo que não é tão intenso assim. outro podem ser aquelas teorias psicanalíticas de compulsão a repetição. também fala que o teu estado mental vai acabar atraindo e sendo atraído por pessoas na mesma sintonia. enfim, são inúmeras as explicações. mas o fato é somente um. pensem em todos os casais que vocês conhecem. incluindo pais, avôs, tios, amigos, e etc. mas tem que conhecer um pouco da intimidade das pessoas, algo além daquela superficialidade fingida que todos conhecemos. na hora do aperto, na hora ruim, na hora de uma discussão, pra ver como as pessoas se tratam e qual o verdadeiro respeito entre elas. porque não há melhor termômetro sobre uma relação do que a forma que o casal se trata quando surge um impasse. e eu penso nos meus. e digo. pessoas que estão juntas há muito tempo, que se respeitam apesar de tudo, que são amigas e amantes, que estão ali junto pra tudo, que acolhem o outro no momento ruim, que suportam o outro, que apoiam, que aplaudem, que choram junto, que riem junto, que apreciam qualquer coisa na companhia do outro, que ainda se gostam apesar da convivência intensa, dos problemas, das dificuldades, e que tu pode afirmar que eles se amam pelo jeito que um olha pro outro, pelo carinho que um tem pelo outro, pelo simples gesto delicado de saber que a pessoa gosta de um certo docinho específico, e no fim do dia ele está lá, em cima do travesseiro, das pequenas coisas, das grandes coisas, no respeito e no jeito que se tratam, eu digo que conheci 3 casais assim até hoje. dos incontáveis que eu pensei agora e venho pensando há algum tempo. achar alguém para casar e viver junto até o fim da vida, é mais difícil que ganhar na loteria. por isso que eu acho que o mundo está muito errado nesse sentido de defesa. as vezes, duas pessoas se encontram. e há uma afinidade muito grande. intensa. e não é só de um lado. intensidades diferentes, mas não muito que possa comprometer. e por algum motivo que pode parecer importante, mas que no final das contas não é, as pessoas se perdem. jogam fora um possível jogo da loteria ganho. e isso já é raro de acontecer. então eu afirmo e entro em debates se quiserem, mas morro seco e arreganhado afirmando: o amor é que nem o unicórnio: todo mundo acha que existe, mas ninguém nunca viu.

Um comentário:

Mariana disse...

Adorei o texto, Lgildo. Concordo!!

E só posso dizer que, além de ser como um unicórnio, o amor é como aquela música do Zeca Pagodinho: "Você sabe o que é caviar? Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar..."

Bjoooooooooooo